OPINIÃO: Nem PT, nem Bolsonaro; o risco dos extremos

Em todo o Brasil, as placas de ALUGA-SE e VENDE-SE são a única ideologia que prospera e une um País fragmentado.

A economia está parada. O dinheiro não circula. Os empresários esperam o resultado das eleições para decidir se investem e geram empregos — ou se vendem suas empresas por não acreditar mais no Brasil. Cerca de 13 milhões de pessoas sofrem no limbo do desemprego, a maior das indignidades.

O Brasil não pode errar nesta eleição. E o erro, daqui a três semanas, tem dois nomes: Fernando Haddad e Jair Bolsonaro.

Na economia, Fernando Haddad representa o Partido que enterrou o Brasil na crise econômica atual — a primeira vez desde 1930 que a economia encolheu dois anos consecutivos. Só uma coisa foi mais destrutiva para o País do que a corrupção institucionalizada pelo PT: o Governo Dilma, que gastou dinheiro que não existia, criando uma conta de pelo menos R$ 500 bilhões de subsídios, desonerações tributárias e novos passivos que o País vai demorar mais de uma década para pagar.

Na política, Haddad representa um Partido incapaz de reconhecer qualquer erro, de fazer a menor das autocríticas. Desde sua fundação, o PT vende ao povo brasileiro a mais calhorda das mentiras: o monopólio da verdade. Se há governo, o PT é contra, mas se alguém é contra um Governo do PT, ele é tachado de ‘golpista’.

O PT votou contra a Constituição de 1988, aquela que marcou a redemocratização; foi contra TODOS os planos econômicos que tentaram acabar com a hiperinflação, incluindo o Plano Real. E, quando o Real elegeu um presidente tucano, desde o primeiro dia o PT gritou “Fora FHC”.

Antes de jogar a favor do Brasil, o PT sempre joga a favor de si.

Mas da mesma forma que, na lei da física, os opostos se atraem, os extremos se tocam no espectro político.

O oposto do PT é Jair Bolsonaro, um homem com uma visão de mundo atrasada, que em 27 anos de Congresso só conseguiu se sobressair quando o desespero de muitos brasileiros os faz buscar uma saída ‘a qualquer custo’ para nosso problema agudo de representação política.

Para aumentar sua viabilidade eleitoral, Bolsonaro tentou nos últimos meses uma conversão liberal apoiando-se num nome solitário, o de Paulo Guedes, um economista que até ontem não o conhecia e que defende idéias diametralmente opostas a tudo que Bolsonaro fez no Congresso. Chegamos a este ponto: um candidato a Presidente da República proclama que “não entende nada” de economia, “não vê problema nisso,” e terceiriza o mais grave problema do País.

Assim como o PT, o homem que pede aos empresários para confiar em seu Posto Ipiranga votou contra o Real, contra a quebra do monopólio das telecomunicações, contra o fim do monopólio do petróleo… e a favor do regime especial de aposentadoria para deputados e senadores. Ainda este ano, votou contra o cadastro positivo, que, de acordo com 9 entre 10 economistas, ajudaria a reduzir os juros no crediário.

Mas as contradições econômicas de Bolsonaro não são nada quando comparadas à sua visão da sociedade.

No ano passado, num comício em Campina Grande, o candidato bradou: “Vamos fazer um Brasil para as maiorias! As minorias têm que se curvar às maiorias. As minorias se adequam, ou simplesmente desaparecem!”

Seus instintos batem de frente com o esforço civilizatório que é a democracia ocidental. Nela, todos são iguais perante a lei, e cabe ao Estado — que detém o monopólio da força — proteger as minorias.

O Brasil que vota em Bolsonaro o faz geralmente por dois motivos: raiva contra o ‘status quo’ e/ou medo do PT. O medo ajuda o ser humano a sobreviver, mas costuma ser paralisante. Já a raiva é a mãe dos crimes passionais.

Diversos empresários já aderiram a Bolsonaro — confortáveis com a apólice de seguro representada por Paulo Guedes — sem pensar nas consequências institucionais para o Brasil de um ‘homem forte’ à la Erdogan, Putin, Maduro. Afinal, como se comportará Bolsonaro quando o Congresso e o Judiciário se mostrarem um entrave às suas propostas? É este o País estável que vai gerar confiança e atrair investimento?

Já o Brasil que vota em Haddad deseja o retorno a uma economia forte e inclusiva (associada à imagem de Lula), sem compreender que foi o próprio PT quem destruiu aquele sonho.

São duas seitas, cada uma com seu profeta.

Qualquer um destes dois vai aprofundar a polarização do País, jogando brasileiro contra brasileiro, ‘fascista’ contra ‘comunista’, maiorias contra minorias, a bala contra a faca.

E qualquer um destes — por motivos diferentes — manterá a economia num impasse. Haddad, porque terá que fazer as reformas que passou a campanha demonizando; Bolsonaro, por sequer acreditar que as reformas são necessárias (a menos que você acredite em sua conversão.)

Nisto, Haddad e Bolsonaro — que em tese são tão diferentes — tornam-se muito parecidos: ambos são vítimas de suas contradições internas, e seus governos seriam disfuncionais.

Mas o Brasil não precisa ser vítima deles.

Esta eleição está longe de ser decidida. Os petistas continuarão sendo petistas, e os bolsonaristas continuarão seguindo seu líder. Mas é o Brasil do meio — ponderado e racional — que vai decidir nosso futuro.

Geraldo Samor

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